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Carta aberta para a ansiedade

  • Foto do escritor: laura zago
    laura zago
  • 29 de mai.
  • 2 min de leitura

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Querida ansiedade,

 

Me falaram que você tem acompanhado os seres humanos há bastante tempo, fiquei sabendo que você existe para proteger a gente como uma mãe que avisa para o filho pegar o casaco em um dia ensolarado porque prevê o frio. Mas, ansiedade também me ensinaram que você é ruim, que não serve para nada, que você é uma frescura da minha cabeça, que quem tem alguma religião, prática hobbies ou tem uma vida saudável não precisa de você. Às vezes, quando você aparece na minha porta eu sinto culpa pôr dar espaço para você, só de pensar em você chegando já é terrível, perco o sono, paro de comer ou começo a comer, meu corpo me avisa “ELA TA CHEGANDO”.


Aí vem sua filha “a crise de ansiedade” ela faz meu coração bater igual ao de um atleta nas olimpíadas, algumas vezes faz parte do meu corpo formigar, parece que eu vou morrer, a ânsia de querer sair me prende e faz eu ficar. Quando ela passa percebo suas consequências, algumas vezes devastadoras, algumas vezes tão silenciosas mais igualmente dolorosas, é sou boa em tentar esconder.


Conforme vou convivendo com você eu ouço de pessoas próximas, e nem tão próximas, coisas que me marcam tanto quanto seus efeitos, sou atravessada por isso.


“É só frescura”


“Você precisa é parar de pensar besteira”


“Você tem tudo não tem motivo pra estar assim”


“Isso é coisa da sua cabeça, você inventa problema”


“Você só quer chamar atenção”


“Você é muito sensível, precisa ser mais forte”


Eu fico destruída, eu não quero ser sua amiga, muito menos sentir você, já tentei fazer o que as pessoas falam. Já tentei não pensar em você, e adivinha comecei a pensar mais e ficar muito sensível a qualquer micro sinal de que você está por perto. Já tentei ocupar minha cabeça com outra coisa, mais em algum momento acabam as coisas e eu volto a pensar e sentir você. Já fui em instituições que me prometeram acabar com você em 5 passos, nada adiantou, as vezes penso que o problema sou eu.


Acontece que só eu e você sabemos o que sentimos quando nos juntamos, talvez esse processo seja sobre eu e você e como eu posso continuar vivendo com você existindo em minha vida. Como eu posso ouvir você sem mergulhar em você. Como eu posso te ver como protetora, mas não como razão da minha vida. E foi aí que eu percebi… talvez eu não precise lutar contra você o tempo todo. Talvez eu precise te entender, e me entender também. A terapia tem sido esse espaço: de escuta, acolhimento e construção. Não é um lugar para acabar com você, mas para aprender como seguir mesmo quando você aparece.


Laura da Silva Zago

Psicóloga

CRP 06/178820

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